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Capítulo Cinco - O Almoço

Pedro, terminando seus afazeres, chamou a Marta e juntos foram à lanchonete. Chegando ao estabelecimento, encontraram Sônia sentada à espera deles. Quando os viu, levantou-se, cumprimentou-os e juntos sentaram-se para desfrutarem da comida. Quando o garçom notou a chegada dos dois, rapidamente dirigiu-se até eles para anotar o pedido e notou, pelos trajes vestidos, uma boa gorjeta.
Esperando o garçom retirar-se, os três conversaram, demorou um pouco, pois não sabiam muito que falar, mas logo estavam conversando. Sabendo dos desejos de seu amigo, Marta preferiu começar a conversar, deixando, assim, que Pedro, ao longo dela, fosse se expressando sem causar espanto à moça.
- Sônia, conte-nos mais sobre você.
Sônia ficou vermelha, não esperava, naquela conversa, falar sobre ela, imaginava que só falariam sobre negócios. Pedro olhou a amiga com um leve sorriso, como se estivesse agradecendo-a por fazer a moça contar mais sobre sua vida. Se ele perguntasse esse tipo de coisa, poderia deixar evidente seu interesse carnal.
- Bom, não esperava vir aqui para falar mais de mim, mas... – suspirou e olhou para os lados, pensava no que iria dizer. – Não sou dessa cidade, cresci em uma pequena cidade do interior, ótimo local para passar o resto de sua vida…
- Também cresci numa cidade de interior, não passei muito tempo nela. Logo mudei-me de endereço, alguns anos depois vim parar aqui.
Pedro admirou-se pela semelhança de infância. Olhou para Marta, esta para ele, os dois pareciam conversar apenas com o olhar. Mais uma vez agradeceu a amiga pela pergunta, além de ajudá-lo a conhecer melhor sua futura funcionária, conheceria melhor a pessoa. Apenas com aquela pergunta, já começou gostando, pois descobria suas semelhanças de origem.
- Mudei para esta cidade quando nova, tinha uns doze anos. Meu presente de quinze anos foi uma viagem ao exterior para estudar, mas só ao fazer dezoito que realizei-a. Lá fiz minha faculdade de Direito e fiz meu mestrado, estou estudando a possibilidade para fazer meu Doutorado, mas ainda não escolhi o país.
Aquela resposta preocupou. Sônia iria fazer, a qualquer momento, o Doutorado. Para isso teria que viajar e deixar a empresa. Marta parecida, também, ter ficado preocupada. A moça, talvez, não tivesse reparado nisso. Tinha acabado de assinar um contrato e já deparavam com o primeiro problema.
- Fazer Doutorado?! Você deixará a empresa?
- Aceitei o emprego porque ainda não decidi nada. Provavelmente, quando for, terei que deixar, pois pretendo ficar por lá mesmo e lá conseguir um emprego.
- Mas tem alguma previsão de quando isso vai ocorrer?
- Todo ano planejo para o ano seguinte, mas sempre houve problemas, familiares e de trabalho, levando-me sempre a adiar. No início desse ano, programei-me, estudei e, provavelmente, estarei indo ano que vem, pelo meio do ano ou em seu final. Tudo vai depender do momento.
Pedro refletiu. Se Sônia fosse embora no ano seguinte, teria que arranjar um novo advogado, começava a se arrepender ter contratado-a. Era, dentro os vários currículos, a melhor, mas, com toda razão, pretendia crescer, só que ninguém esperava que fosse tão rápido.
- Tão rápido?! Não ficará um ano conosco! Marta anote aí: “Selecionar novos currículos”.
A secretária pegou sua agenda e anotou, Sônia admirou-se pela atitude de seu novo patrão. Não espera que ele fizesse aquilo na frente dela e ela não esperava sair, de uma hora para outra, do seu novo emprego. Pedro estava preocupado, acabara de assinar o contrato e a moça já pensava quando iria sair. Passara horas selecionando currículos, estudando-os, para chegar agora a escolhi dizer que pretende, ano que vem, deixar a empresa.
- Deixe-me explicar. Estou procurando novas experiências, procurei esse emprego, pois sei que nele terei essas experiências. Meu Doutorado é prioridade, mas não me sinto preparada para fazê-lo agora, talvez eu passe mais uns dois ou três anos aqui, tudo vai depender do meu desempenho aqui na sua empresa.
Pedro decidiu mudar de assunto, Sônia estava ficando constrangida, falava que tinha sido mal interpretada, estudaria o caso melhor mais tarde, num local mais tranquilo e depois falaria com Marta.
O almoço chegara e os dois, Pedro e Marta, aproveitaram para passaram algumas informações importantes que ela iria precisar. Falaram um pouco dos funcionários, Pedro os conhecia bem, sabiam onde melhor atuavam e quais seus maiores defeitos dentro da empresa. Alertou-a sobre alguns que procurariam a fim de derrubar uns aos outros para subir de posição.
Sônia, em muitos casos, ficara chocada, em seu último emprego não havia muito tipo de funcionário. Pedro dedicava essas atitudes ao antigo chefe, este ocupara o lugar de seu pai, logo quando ele morreu, enquanto Pedro era ainda uma criança. Pedro não tinha idade para assumir os negócios de seu pai, então os advogados, na época, nomearam um substituto temporário, que deixou o cargo quando Pedro ficou pronto para ele.
Não ficaram ali por muito tempo, pois teriam que retornar à empresa, menos Sônia, que só começaria no dia seguinte. Alertada sobre os principais casos, informaram-na que o resto aprenderia convivendo e, aos poucos, os dois falariam mais. Pedro foi, da lanchonete até a empresa, comentando com Marta sobre tudo que tinha discutido, ficara muito preocupado.
- Ela acabou de assinar nosso contrato.
- Seria melhor que ela não tivesse buscado isso.
- Realmente ela é a melhor. Mas poderia procurar o emprego depois que fizesse tudo que pretende fazer para não ter que abandonar o emprego.
- Se pelo menos ela fizesse seu Doutorado aqui mesmo, mas tem que sair do país para isso.
- Pensei, quando a contratei, que o problema que atrapalhar-nos-ia seria meus desejos. Mas vejo que não será só isso.
Marta riu.
- É verdade.
Os dois chegaram à empresa combinados de que procurariam uma solução imediata. A qualquer momento Sônia poderia deixar o emprego, então teriam que ter uma nova solução. Marta pegou, novamente, os currículos, e deixou-os em primeiro plano. Colocou os quatro candidatos dispensados em primeiro lugar.

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