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Capítulo Vinte e Um - A Caminhada | Parte 1

Pedro, já em sua casa, refletia nos últimos acontecimentos de sua vida. As últimas semanas deixaram-no atordoado, mas a ida à sua cidade natal transformara tudo. Enquanto pensava como seu padrasto estaria, algo atormentava ainda mais. O beijo recebido. Naquele momento de aflição, um simples beijo deu-lhe forças para permanecer com a decisão. Jantando, junto com Nathan, pensou em comentar o ocorrido.
Nathan, depois que chegaram, ficou calado. Parecia estar triste, mas poderia ser cansaço da viagem, as horas dentro de um carro, apesar de prazeroso, eram cansativas. Como o amigo estava calado, decidiu respeitá-lo, durante tantas vezes fizera o mesmo quando estava pensando em seus problemas. Foi dormir, naquela noite, sem falarem nada, a última vez em que falaram, foi dentro do carro.
O sol brilhava fortemente do lado de fora da casa. Pedro acordou com a luz, que entrava pela janela, batendo em seu rosto. Arrumou-se e desceu para tomar o café, Nathan estava terminando o seu, quando Pedro se sentou, ele se levantou e disse que teria que sair mais cedo, tinha algumas coisas para serem resolvidas. Terminado o café, foi para a empresa.
Chegando à empresa, Marta correu até sua sala, prometeu que, quando chegasse, contaria tudo que tinha ocorrido. Antes de tudo, procurou saber se Nathan tinha chegado, ficou surpreso ao receber a notícia de que ele não se encontrava. Pedro ficou preocupado, será que estava acontecendo algo com seu amigo?
- Foi muito difícil. Quando olhei para ele a decisão tornou-se pior. Ao vê-lo naquele estado, pensei em deixá-lo naquela cama a padecer. Mas lembrei-me de vocês e do meu pai. Mas o que está deixando-me mais confuso foi um beijo.
- Beijo?!
- Quando estava deitado esperando começar a cirurgia, Ana desejou-me sorte com um beijo na boca.
- Nossa! E aí?
- Eu achei aquela atitude estranha, mas aquele beijo foi diferente, até mesmo do beijo de Sônia.
- Diferente?! O que realmente você sentiu?
- Não sei dizer. Foi especial. Não sei se foi o momento, mas não consigo esquecê-lo.
Marta ficou rindo enquanto ouvia seu amigo falar. Pedro falava como se estivesse contando uma história de amor. O beijo de Ana marcou muito, principalmente pela hora em que ela o beijou. Naquele momento precisava de um apoio.
- Meu amigo, o nome disso é amor.
Será que aquilo que Marta dissera era verdade? Será que estava se apaixonando por Ana? Mas sua paixão por Sônia continuava tão forte, como poderia estar sentindo aquilo por outra pessoa? Agora só em sua sala, ficou pensando nas coisas ditas por Marta. Sua cabeça estava confusa, quando achou ter saído de um problema, entrou em outro.
Pedro, quando conheceu Sônia, sentiu uma forte atração, talvez mais física. Ao reencontrar Ana, ainda continuava a sentir atração por Sônia, por isso só queria a amizade dela. Talvez essa aproximação primeiro tornou o momento inesquecível. Talvez o que sentia quando conheceu-a já fosse amor, mas não percebeu por ainda achar estar gostando de Sônia. Tinha que encontrar-se com ela, conversar sobre o beijo. Tentou ligar para seu celular, mas estava desligado, quando ligou para o escritório uma moça atendeu:
- Gostaria de falar com Ana.
- Ela não se encontra. Está de plantão, só virá ao consultório amanhã pela manhã.
- Amanhã? Há outro número que eu possa falar com ela além do celular e desse número?
- Não senhor. São só esses mesmo.
- Obrigado.
Pedro não conseguiu falar com Ana, não sabia outra forma de encontrar-se com ela. Não queria incomodá-la no hospital, poderia estar muito ocupada e não ficar satisfeita ao vê-lo. Chegando a casa, olhou as correspondências, havia apenas uma carta, mais uma vinda de sua mãe. Dessa vez foi logo abrindo-a, preferia logo saber se algo de ruim tinha acontecido.

Meu filho!
Fiquei muito grata e feliz com sua atitude. Seu pai melhorou muito, já voltamos para casa. Escrevi esta carta quando você ainda estava aqui e mandei sabendo que tudo daria certo. Que bom que você nos perdoou, seu pai agora sente-se aliviado e pronto para continuar a viver.
Mais uma vez peço-lhe desculpa. Logo que você saiu de casa seu pai me contou toda a verdade, confirmando sua história. Naquele momento fiquei arrependida de nunca ter acreditado em meu filho. Nunca lhe disse isso com medo de você não me perdoar, mas hoje vejo que foi a escolha errada. Se eu tivesse assumido esse erro, há mais tempo nossa família estaria unida outra vez.
Espero vê-lo, mais uma vez, logo. Bons momentos virão e quero estar ao seu lado quando eles chegarem. Tenha um bom dia.

Pedro chorou ao ler a carta. Sua mãe há tanto tempo sabia dos abusos e nunca tinha lhe contado. Chorava por ver todos os seus problemas serem resolvidos, apesar de ser em meio a uma grande tempestade. Nathan, que estava em casa, viu-o chorar e perguntou o que estava acontecendo, entregou-lhe a carta, este leu e deu-lhe um abraço.
Os abusos sofridos transformaram-lhe o caráter, mas o perdão mudou ainda mais. Daquele dia em diante tornou-se uma nova pessoa e gostaria de compartilhar essa alegria com outros. Antes de deitar, ligou mais uma vez para Ana, dessa vez conseguiu falar, então marcou um encontro. No sábado teria a oportunidade de mudar ainda mais sua vida.
Contou cada segundo para a chegada do dia do encontro. Estava ansioso querendo saber o motivo daquele beijo. Beijo que deixara-o apaixonado. Ao decorrer da semana, assumiu que estava sentido algo por Ana. Marta e Nathan ficaram muito felizes, ver o amigo nessa nova fase deixava-nos mais aliviado, depois de tudo que tinha passado.
Chegado o dia do encontro, combinou de encontrar-se com Ana, pois ela iria direto do hospital e achou melhor ele aguardá-la no local combinado. Estava muito nervoso, diferente dos outros encontros que tivera com ela, este tinha um significado ainda maior. Em tão pouco tempo ela demonstrara ser uma excelente companheira.
Ana chegou correndo para não deixá-lo esperando mais. Pedro cumprimentou e os dois se dirigiram para a festa. Pedro tinha recebido um convite para uma festa que aconteceria na cidade, poderia levar uma pessoa, aproveitou a oportunidade para levar Ana e, assim, poderem finalmente conversar depois de tudo que aconteceu.
O local estava cheio, procuraram logo uma mesa vazia. Na festa havia muita gente rica da cidade, Pedro se considerava “um pedinte no meio dessa gente”. Havia pessoas conversando, algumas em alta voz que quase sobressaía o som, outras dançavam freneticamente. Apesar do grande barulho ao redor, era possível conversarem.
[...]

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