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Capítulo Oito - A Alta

Pedro permaneceu mais alguns dias no hospital, apesar dos ossos em recuperação, estava bem, mas os médicos pediram que ele permanece em observação. Marta, durante todos esses dias, esteve sempre ao seu lado, em todas as horas, tinha que brigar para que ela fosse para casa descansar. Queria ficar ao lado do amigo todo o tempo.
- Marta, você tem família para criar, seus filhos precisam de você, seu marido também.
- Eles estão com o pai e já são bem grandinhos, podem se virar sozinhos. Meu marido me compreende, não estaria aqui sem sua autorização.
- Cuidado para ele não ficar com ciúmes e achar que estamos tendo um caso. – brincava.
Marta tinha provado ser uma grande amiga, há muito tempo os dois trabalham juntos, aprenderam a conviver e a amar um ao outro. Era normal, entre eles, passarem festas juntos, viajarem juntos como dois irmãos, apesar da diferença de idade entre eles. Um enorme carinho havia entre os dois.
Os dias que passou no hospital foram terríveis, apesar do bom cuidado recebido, de Marta e das enfermeiras, a comida era péssima. Toda vez que chegava a hora de alguma refeição, começava a reclamar, sempre com brincadeira, exigindo uma comida melhor. As enfermeiras traziam a comida pensando em alguma resposta para suas indagações.
Estava tudo pronto para sua partida, agora só precisavam aguardar o médico para liberá-lo. Pedro ficara nervoso, tinha medo de ficar ali por mais algum tempo, sua cabeça, mesmo passado tanto tempo, ainda doía, acordava à noite e tinha dificuldade para voltar a dormir devido a essas dores. Evitava falar das dores com medo do médico não liberá-lo pedindo para ficar em observação.
O médico chegou ao seu quarto por volta do meio dia, devido ao número de pacientes e aos poucos médicos no local. Analisou alguns papéis, com resultados dos últimos exames feitos, olhou-o dos pés a cabeça, procurando alguma anomalia, mas estava tudo bem. Todos ficaram aliviados e ansiosos para logo retirar-se daquele ambiente.
- Espero vê-lo novamente.
- Eu espero nunca mais precisar aparecer aqui.
Todos riram. O médico, devido à profissão, ficou logo sério, estava em seu local de trabalho, mas precisava deixar seu paciente mais a vontade. Colocou os exames sobre a mesa e ajudou Pedro a levantar-se. Devido à quantidade de gesso, precisava de auxilio para locomover-se.
- Sei que muitos não gostam de estar aqui. Mas preciso que você volte, tenho que ver sua recuperação, e você não poderá ficar com esses gessos para sempre.
- Eu voltarei, logo, totalmente curado.
- Qualquer dor que sentir, principalmente na cabeça, venha imediatamente, não fomos criados para conviver com a dor.
Pedro saiu de seu quarto em uma cadeira de rodas, teria que aprender a conviver, pois passaria um tempo com ela. Suas pernas foram afetadas e não havia a mínina chance dele andar naquele momento. A pancada no muro derrubou destroços em sua perna, quebrando o osso em diversos lugares.
Com ajuda de Marta saiu do hospital, Benedito, marido da secretária, aguardava-os à entrada. Quando viu a aproximação dos dois, correu para ajudá-los, passou a empurrar a cadeira, enquanto Marta ia ao carro abri-lo. Com um pouco de dificuldade, colocaram-no, confortavelmente, dentro do veículo. Durante os dias de recuperação, iria para a casa de sua amiga, apesar de não ser sua vontade. Marta gostaria de estar a maior parte do tempo de olho nele, para que ele não fizesse nada de errado.
Chegando ao local, descer tornou-se mais fácil, talvez por causa da prática de colocá-lo dentro. A rua estava deserta, apesar de o sol brilhar tão forte em cima dos telhados das casas. Algumas crianças apareciam na rua indo ou vindo da escola, mas ligeiramente entravam em suas residências como se estivessem fugindo de alguém. Parecia que estava acontecendo uma guerra e todos fugiam dela.
- O que está acontecendo? Por que o povo daqui anda se escondendo?
- Um morador dessa rua está solto, foi liberado semana passada da cadeia. Antes de ser preso matou muitos moradores daqui, mesmo sendo seus vizinhos e amigos. – respondeu Benedito. – Agora todos estão assustados, ninguém sabe se ele voltará a fazer as coisas que fazia antes de ser preso. Se continuar, quem será a próxima vítima.
Pedro assustara-se, os três caminharam para a casa, tiveram um pouco de dificuldades para chegar até a porta. A casa ficava alguns centímetros a cima do nível da rua, como todas as casas da região. Para chegar até a varanda, tinham que subir dois degraus. Marta abriu a porta e Benedito empurrou Pedro fazendo-o o primeiro a entrar. Apesar do forte sol brilhando na rua, dentro de casa estava um pouco escuro.
- Surpresa!!
Pedro assustou-se. Alguns funcionários de sua empresa estavam ali, devido ao tempo que passava no trabalho, não tinha amigos, a não serem aqueles da empresa. Rapidamente passou o olho por todos os convidados na esperança de encontrar alguém especial. E lá estava ela, encostada no sofá timidamente. Sônia.
Não conhecia aquelas pessoas, pois acabara de começar seu emprego naquele local. Pedro rapidamente falou com todos os convidados para logo aproximar-se de Sônia, preferiu deixá-la por último para ter mais tempo para conversar. Aproveitando enquanto distraiam-se conversando, saiu mansamente para próximo dela.
- Bom vê-lo bem, apesar de ainda estar com todo esse gesso.
- É um novo charme, última moda, você deveria tentar.
Sônia riu.
- Obrigado.
- Não precisa agradecer, é o meu trabalho.
- Você foi uma grande ajuda para Marta, principalmente num momento difícil. Não me arrependo de tê-la contratado.
- Gentileza sua. Como funcionária da empresa, fiz meu trabalho.
- Obrigado por estar aqui também. Mostra que você também se importa comigo.
- Quando Marta me convidou não poderia deixar de estar presente. Ainda mais porque você é meu patrão.
Agora foi a vez de Pedro rir.
- Mesmo assim, muito obrigado.
- Desculpe não ter ido ao hospital ajudar Marta a trazê-lo.
Pedro ficou assustado. Não sabia que Marta tinha chamado Sônia para acompanhá-la e ajudá-la a levá-lo para casa.
- Você estava aqui, organizando tudo.
- Na verdade, acabei de chegar.
- Vamos fingir que foi isso que aconteceu.
Os dois ficaram conversando durante toda a festa, às vezes foram interrompidos por outros que vinham contar uma piada ou fazer alguma pergunta. Pedro, em tão pouco tempo, estava se aproximando de Sônia e começara a sentir interesse por parte dela. Naquele momento sentira-se feliz e aliviado por estar na presença de tão incrível mulher.

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