Pedro decidiu ir direto ao restaurante, não queria, naquele momento, voltar à empresa. Estacionando o carro, foi direto para a mesa onde passou os últimos dias com Ana. O garçom, vendo-o entrar, correu para atendê-lo, mas Pedro recusou afirmando que estava esperando alguém. Estava nervoso, não conseguia ficar quieto, olhava para os lados, mexia os dedos, batia na mesa. Devido à hora que chegara, Nathan demoraria um pouco para aparecer, ainda faltavam algumas horas para o horário do almoço.
Por volta de doze horas e quinze minutos, Nathan entrou no restaurante, procurou-o, achando-o, foi até sua direção. Sentou e ficou preocupado notando o nervosismo do amigo. O garçom, vendo a chegada de outra pessoa, voltou à mesa para anotar o pedido, agora Pedro, junto com Nathan, fez o pedido. Sem falar nada, pegou a carta e entregou ao amigo, achando aquilo estranho, pegou e leu seu conteúdo. Vendo tudo aquilo escrito, ficou preocupado, enquanto lia, olhava para Pedro assustado.
- Pedro. Eu sinto muito.
- Sente?! Por quê?
Nathan não conseguiu compreender.
- Seu pai está doente, quase morrendo. Você deve estar bastante deprimido.
- Deprimido?! Há muito tempo desejei esse dia.
- Não estou entendendo.
- Eu sempre quis matá-lo ou vê-lo morrer sofrendo antes disso.
Nathan ficou chocado, voltou a ler a carta tentando achar algo que tivesse deixado de ler e assim não compreendido toda aquela raiva. Qual o motivo de seu amigo desejar tão terrível mal àquele homem?
- Pedro! Olá!
Ana apareceu no restaurante. Nathan se virou para encará-la e ficou surpreso. Pedro, com um gesto, pediu-a que sentasse e fizesse companhia aos dois. Como estava só, aceitou o convite e sentou. Notando o rosto espantado de Nathan e o nervosismo de Pedro, ficou assustada.
- O que está acontecendo?
- Ana, este é Nathan, o amigo americano. Nathan, este é Ana, a amiga do tempo de escola.
Os dois se cumprimentaram. Sem falar nada, Pedro pegou a carta de Nathan e entregou a Ana. Assim como Nathan, pegou-a assustada e leu seu conteúdo. Ficou chocada com tudo que lia, agora estava entendendo todo aquele nervosismo. Pedro estaria preocupado vendo seu pai em um estado tão grave.
- Sinto muito, Pedro.
Assim como Nathan, achava que o nervosismo de Pedro era por causa do conteúdo da carta, por seu pai está doente, quase morrendo.
- Não sinta.
- Mas por quê?
- Odeio este homem. Odeio…
- Como você pode odiar seu pai?!
- Pedro. Não consigo entender o motivo de toda essa raiva.
Nathan e Ana ficaram confusos. Com uma carta daquela, era motivo suficiente para ficar preocupado e logo atender aquele pedido. Mas por que será que Pedro estava tão furioso? Poderia ser sua forma de expressar toda aquela angustia. Ana e Nathan queriam entender para poder ajudá-lo.
- Ana, ele não é meu pai.
- Mas...
- Quando meu pai morreu, minha mãe casou com este homem. Eu era muito pequeno e minha mãe me obrigava a chamá-lo de pai, mas nunca gostei disso.
- Ele lhe criou.
- Não. Meu pai me criou.
- Meu amigo. É melhor você nos explicar. Estou confuso.
Pedro suspirou. Eles tinham razão. Seria pior ficar escondendo tudo. Se eles soubessem de tudo seria mais fácil, para eles, compreender tudo que estava passando.
- Isso aconteceu há muito tempo. Durante toda minha vida isso perturbou-me, deixando-me fraco, levando-me a quase desistir de tudo e suicidar.
Os dois arregalaram os olhos. Suicídio?! Algo muito grave devia ter acontecido.
- Durante minha vida só consegui contar para uma pessoa. Marta.
- Então por que ela não está aqui?
- Ela já tem seus problemas, não quero preocupá-la mais.
- Quem é Marta?
- Depois eu lhe apresento a ela. Preciso que vocês me ouçam, por isso é melhor vocês não terem nada marcado para depois do almoço. Nathan, não se preocupe, você voltará comigo para a empresa, se tem algo a gente resolve depois.
Ana pegou o celular e ligou para algumas pessoas desmarcando os compromissos para depois do almoço. Terminado o último telefonema, estava pronta para ouvir o que Pedro tinha a dizer. Nathan afirmou que não havia nada de urgente para àquela tarde, os compromissos poderiam ser deixados para o dia seguinte.
- Durante minha infância, eu sofri abuso sexual!
Os dois ficaram chocados. Ana até ficou com lágrimas nos olhos, nem sabia tudo o que tinha acontecido e já se emocionara. Nathan tentou se manter forte, naquele momento alguém tinha que ser. Pedro não conseguia passar muito tempo encarando-os, ao falar, olhava para os lados, para baixo.
Quando seu pai morreu, sua mãe ficou muito deprimida. Passou muito tempo na cama sem querer saber mais de nada. Pedro, praticamente, ficou abandonado. Para ir a escola tinha que ir sozinho, estudava numa escola um pouco longe de sua casa. Todo o percurso era perigoso. Os amigos de sua mãe sempre vinham visitar e ajudavam fazendo comida e tentavam incentivá-la a voltar a vida, mas as tentativas eram em vão.
Durante alguns anos foi assim, só saia da cama para ir ao trabalho, mas passou a faltar até que foi demitida. Como seu pai tinha uma pequena empresa, o dinheiro não foi problema. A empresa estava passando por um momento muito bom e só crescia, apesar da morte de seu dono, não abalara e seu substituto temporário estava tornando um ótimo administrador.
Em uma visita à empresa, sua mãe conheceu o substituto e logo apaixonou-se por ele. Era um homem bonito de boa aparência, todos na empresa gostavam dele e respeitavam-no. Aquela paixão fez com sua mãe voltasse a querer viver, voltou a arrumar-se, a cozinhar e cuidar de seu filho que passara tanto tempo sem pai nem mãe.
Passando a frequentar mais regularmente a empresa, marcou um encontro com o homem, dizendo que queria falar sobre os negócios. O encontro foi marcado na sua casa. Fez Pedro se arrumar e vestir sua melhor roupa. Roberta, sua mãe, vestiu um lindo vestido, passou maquiagem, preparou a melhor comida que fazia. Quando Samuel chegou, correu para abrir a porta, pediu-o para entrar.
Durante o jantar, os dois conversaram sobre os negócios, mas, dependendo do que falavam, Roberta falava sobre algo íntimo. Saindo para lavar os pratos, deixou Pedro sozinho com Samuel, este ficou rindo para o garoto assustado que nem compreendia o que estava se passando.
- Olá garotinho!
- Oi!
- Você sabia que é um garoto muito bonito? Quando você crescer será muito popular dentre as mulheres.
- Obrigado!
[...]
Por volta de doze horas e quinze minutos, Nathan entrou no restaurante, procurou-o, achando-o, foi até sua direção. Sentou e ficou preocupado notando o nervosismo do amigo. O garçom, vendo a chegada de outra pessoa, voltou à mesa para anotar o pedido, agora Pedro, junto com Nathan, fez o pedido. Sem falar nada, pegou a carta e entregou ao amigo, achando aquilo estranho, pegou e leu seu conteúdo. Vendo tudo aquilo escrito, ficou preocupado, enquanto lia, olhava para Pedro assustado.
- Pedro. Eu sinto muito.
- Sente?! Por quê?
Nathan não conseguiu compreender.
- Seu pai está doente, quase morrendo. Você deve estar bastante deprimido.
- Deprimido?! Há muito tempo desejei esse dia.
- Não estou entendendo.
- Eu sempre quis matá-lo ou vê-lo morrer sofrendo antes disso.
Nathan ficou chocado, voltou a ler a carta tentando achar algo que tivesse deixado de ler e assim não compreendido toda aquela raiva. Qual o motivo de seu amigo desejar tão terrível mal àquele homem?
- Pedro! Olá!
Ana apareceu no restaurante. Nathan se virou para encará-la e ficou surpreso. Pedro, com um gesto, pediu-a que sentasse e fizesse companhia aos dois. Como estava só, aceitou o convite e sentou. Notando o rosto espantado de Nathan e o nervosismo de Pedro, ficou assustada.
- O que está acontecendo?
- Ana, este é Nathan, o amigo americano. Nathan, este é Ana, a amiga do tempo de escola.
Os dois se cumprimentaram. Sem falar nada, Pedro pegou a carta de Nathan e entregou a Ana. Assim como Nathan, pegou-a assustada e leu seu conteúdo. Ficou chocada com tudo que lia, agora estava entendendo todo aquele nervosismo. Pedro estaria preocupado vendo seu pai em um estado tão grave.
- Sinto muito, Pedro.
Assim como Nathan, achava que o nervosismo de Pedro era por causa do conteúdo da carta, por seu pai está doente, quase morrendo.
- Não sinta.
- Mas por quê?
- Odeio este homem. Odeio…
- Como você pode odiar seu pai?!
- Pedro. Não consigo entender o motivo de toda essa raiva.
Nathan e Ana ficaram confusos. Com uma carta daquela, era motivo suficiente para ficar preocupado e logo atender aquele pedido. Mas por que será que Pedro estava tão furioso? Poderia ser sua forma de expressar toda aquela angustia. Ana e Nathan queriam entender para poder ajudá-lo.
- Ana, ele não é meu pai.
- Mas...
- Quando meu pai morreu, minha mãe casou com este homem. Eu era muito pequeno e minha mãe me obrigava a chamá-lo de pai, mas nunca gostei disso.
- Ele lhe criou.
- Não. Meu pai me criou.
- Meu amigo. É melhor você nos explicar. Estou confuso.
Pedro suspirou. Eles tinham razão. Seria pior ficar escondendo tudo. Se eles soubessem de tudo seria mais fácil, para eles, compreender tudo que estava passando.
- Isso aconteceu há muito tempo. Durante toda minha vida isso perturbou-me, deixando-me fraco, levando-me a quase desistir de tudo e suicidar.
Os dois arregalaram os olhos. Suicídio?! Algo muito grave devia ter acontecido.
- Durante minha vida só consegui contar para uma pessoa. Marta.
- Então por que ela não está aqui?
- Ela já tem seus problemas, não quero preocupá-la mais.
- Quem é Marta?
- Depois eu lhe apresento a ela. Preciso que vocês me ouçam, por isso é melhor vocês não terem nada marcado para depois do almoço. Nathan, não se preocupe, você voltará comigo para a empresa, se tem algo a gente resolve depois.
Ana pegou o celular e ligou para algumas pessoas desmarcando os compromissos para depois do almoço. Terminado o último telefonema, estava pronta para ouvir o que Pedro tinha a dizer. Nathan afirmou que não havia nada de urgente para àquela tarde, os compromissos poderiam ser deixados para o dia seguinte.
- Durante minha infância, eu sofri abuso sexual!
Os dois ficaram chocados. Ana até ficou com lágrimas nos olhos, nem sabia tudo o que tinha acontecido e já se emocionara. Nathan tentou se manter forte, naquele momento alguém tinha que ser. Pedro não conseguia passar muito tempo encarando-os, ao falar, olhava para os lados, para baixo.
Quando seu pai morreu, sua mãe ficou muito deprimida. Passou muito tempo na cama sem querer saber mais de nada. Pedro, praticamente, ficou abandonado. Para ir a escola tinha que ir sozinho, estudava numa escola um pouco longe de sua casa. Todo o percurso era perigoso. Os amigos de sua mãe sempre vinham visitar e ajudavam fazendo comida e tentavam incentivá-la a voltar a vida, mas as tentativas eram em vão.
Durante alguns anos foi assim, só saia da cama para ir ao trabalho, mas passou a faltar até que foi demitida. Como seu pai tinha uma pequena empresa, o dinheiro não foi problema. A empresa estava passando por um momento muito bom e só crescia, apesar da morte de seu dono, não abalara e seu substituto temporário estava tornando um ótimo administrador.
Em uma visita à empresa, sua mãe conheceu o substituto e logo apaixonou-se por ele. Era um homem bonito de boa aparência, todos na empresa gostavam dele e respeitavam-no. Aquela paixão fez com sua mãe voltasse a querer viver, voltou a arrumar-se, a cozinhar e cuidar de seu filho que passara tanto tempo sem pai nem mãe.
Passando a frequentar mais regularmente a empresa, marcou um encontro com o homem, dizendo que queria falar sobre os negócios. O encontro foi marcado na sua casa. Fez Pedro se arrumar e vestir sua melhor roupa. Roberta, sua mãe, vestiu um lindo vestido, passou maquiagem, preparou a melhor comida que fazia. Quando Samuel chegou, correu para abrir a porta, pediu-o para entrar.
Durante o jantar, os dois conversaram sobre os negócios, mas, dependendo do que falavam, Roberta falava sobre algo íntimo. Saindo para lavar os pratos, deixou Pedro sozinho com Samuel, este ficou rindo para o garoto assustado que nem compreendia o que estava se passando.
- Olá garotinho!
- Oi!
- Você sabia que é um garoto muito bonito? Quando você crescer será muito popular dentre as mulheres.
- Obrigado!
[...]
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