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Capítulo Cinco - Desconfiança

Agora que Pedro sabia toda a verdade sobre de quem o pequeno Pedro era filho, foi convidado para a festa de aniversário de um ano do garoto. Aproveitando a hora do almoço, foi até o shopping mais próximo para comprar um presente para o menino. Percorreu diversas lojas, mas não conseguia encontrar nada que pudesse agradar. Muitos eram os brinquedos, mas pensava que não seriam úteis para Pedro.
Perdendo toda a sua hora de almoço, finalmente conseguiu encontrar algo. Agradeceu a vendedora que o ajudou, sem ela ainda estaria procurando. Deu uma rápida passada na praça de alimentação para comprar qualquer coisa que pudesse usar para enganar seu estômago e saiu comendo. Ficara com tanta fome que, antes mesmo de chegar ao carro, já havia terminado tudo.
Na noite do aniversário, Pedro pegou o presente, guardado há alguns dias, e saiu para a festa. Ao chegar, encontrou o lugar já cheio. Havia muitas crianças, enquanto que a maioria dos pais ficava sentada observando seus filhos. A decoração da festa estava belíssima e todos que chegavam eram fotografados para registrar todos que compareceram à festa.
Pedro deu uma rápida olhada procurando Maria, mas não conseguiu encontrá-la. Percorreu algumas mesas e encontrou uma vazia. Quando sentou, esticou o pescoço voltando a procurá-la. Com muito esforço, avistou Ester próxima à mesa do bolo arrumando algumas coisas. Imediatamente se levantou para que não pudesse perdê-la de vista. Tocando em seu ombro, falou:
- Onde está Maria?
- Pedro teve um problema e ela precisou trocá-lo. Logo deve estar chegando.
Pedro, ao voltar para sua mesa, viu que esta estava ocupada. Tendo que procurar outra, sentou em um lugar afastado do centro da festa onde até a iluminação era precária. Alguns salgados, depois de muito tempo sentado, vieram e ele, sozinho, comeu-os de imediato. Sempre ficava alerta observando se Maria aparecia.
Quando Maria reapareceu à festa, os fotógrafos ficaram em cima tirando fotos. Alguns convidados se levantaram para cumprimentá-la. Pedro pensou em ir até onde ela estava, mas achou melhor permanecer ali, esperar que ela ficasse livre de tanto assédio. Quando Maria conseguiu se livrar de todos, Pedro se levantou e, com passos largos, chegou até onde ela estava.
- Pedro, que bom que você veio!
- Cheguei há algum tempo, Pedro está melhor?
- Sim, já o limpei.
As pessoas que estavam ao redor do casal ouviram a semelhança do nome dos dois e ficaram cochichando. Começaram a achar que Pedro era o pai do pequeno Pedro. Pedro, ouvindo alguns falarem, ficou desconfiado, mas temia perguntar a Maria se aqueles boatos eram verdadeiros. Deixou-a a vontade e voltou a se sentar, não queria atrapalhá-la e não gostaria que as pessoas continuassem falando.
A festa decorreu muito bem. Ninguém mais comentou, apenas os que haviam ouvido os nomes, mas não repassaram para outros. Pedro ficou, toda a festa, sozinho, apenas observando tudo o que acontecia. Maria, em vários momentos, olhava-o para ver como ele estava. Em certas horas, acenava o que levava muitos a olharem para quem ela estava cumprimentando.
Com um pouco mais de uma hora que Maria voltara, todos se reuniram ao redor do bolo para cantar os parabéns. Pedro ficou ao fundo, na ponta dos pés, para poder ver o pequeno Pedro. O menino sorria para todos, estava muito feliz e não se assustava com a quantidade de flashes e o forte som. Todos ficaram espantados com seu carisma.
Decorrido mais algum tempo, aos poucos, os convidados foram deixando a festa. Pedro ainda deixava Maria só, esta precisava ficar à porta se despedindo e agradecendo a todos que se fizeram presentes. Quando o último convidado foi embora, só ficou Ester e Pedro. Neste momento Pedro se levantou e foi até a direção de sua amada. Os dois se sentaram à mesa mais próxima, enquanto que Ester conversava com a equipe de Buffet.
- Maria, enquanto estava na festa, ouvi alguns comentários.
Maria parecia não ter ouvido, estava tirando a roupa de Pedro por estar muito suado.
- Que comentários.
- Algumas pessoas ficaram dizendo que eu era o pai do Pedro.
- Talvez seja pela semelhança dos nomes.
- Você me disse que Ester colocou esse nome por você falá-lo muito. Qual a razão de você colocar o nome dele de Pedro?
Maria parecia pensativa.
- Você marcou muito minha vida, Pedro, e sempre achei seu nome lindo. Prometi a mim mesmo que o nome do meu filho seria Pedro, por isso o fiz.
- Mas os boatos, são verdadeiros?
- Acho melhor você esquecer essa história. O pai de Pedro nos deixou há muito tempo. Todos que criminaram por estar grávida solteira…
- Ele lhe deixou quando você estava grávida?!
- Ele não sabia que eu estava grávida e tinha que seguir sua vida.
Maria não queria falar mais, Pedro a respeitou e mudou de assunto. Quando se despediram, voltou para casa. No caminho não conseguia pensar em outra coisa. Tentava analisar todos os fatos, procurava semelhança entre os dois e até conseguia encontrar algumas. Pensava ser por serem homens e todo homem é igual. Mas tinham características que eram idênticas. Pegou o celular e ligou.
- Mãe! Preciso de sua ajuda.
- O que aconteceu?
- Maria tem um filho e estou desconfiado que ele seja meu.
Sua mãe riu.
- Quando vocês terminaram, eu procurei Maria, nunca lhe disse isso para não lhe preocupar. Passei alguns meses indo visitá-la, até conheci outro namorado dela. Foi quando ela descobriu que estava grávida. Não se preocupe, meu filho, ela me garantiu que o filho que ela estava esperando não era seu.
- Você a acompanhou?
- Maria era uma pessoa que eu gostava muito, tínhamos nos tornado amigas.
- Mãe, espero que você esteja certa.
Apesar de Maria ter garantido pessoalmente e sua mãe ter confirmado, Pedro continuava desconfiado, temia que tudo aquilo fosse verdade. Se o pequeno Pedro fosse seu filho, aceitá-lo-ia com muito amor, mas precisa saber a verdade. Chegando a casa, tomou um banho para esfriar a cabeça e deitou, quase não conseguindo dormir. Ao sonhar, sonhou que o pequeno Pedro lhe chamava de “papai”.

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