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Capítulo Um - Casamento de Sangue

Estava tudo pronto para começar o casamento. Pedro, muito nervoso, olhava todo o tempo pela janela para observar quem tinha comparecido. Seu melhor amigo, e padrinho, Manoel, estava com ele e tentava acalmá-lo. Pedro tinha medo de sua futura esposa não comparecer, deixando-o esperando para sempre. Temia que os erros do passado lhe impedissem de realizar tal cerimônia.
- Ela chegou!
Uma voz ecoou dos corredores. Pedro correu para o espelho para verificar se estava tudo em ordem, Manoel fez o mesmo. Os dois saíram juntos e se posicionaram em seus devidos lugares. Antes de chegar onde deveria, Pedro cumprimentou alguns dos convidados, tentando disfarçar seu nervosismo. Manoel tinha que estar puxando-o para que ele pudesse chegar ao seu lugar.
Quando Susana surgiu, todos ficaram em pé e impediram Pedro de vê-la. Quando conseguiu ver seu belo rosto iluminado pelo sol, um largo sorriso surgiu no rosto de ambos. As primeiras lágrimas surgiram no rosto de Pedro, mas Susana tentava se controlar para não estragar toda a sua produção. Os pais do casal também estavam muito emocionados. Raquel, a mãe de Pedro, já não conseguia ver nada devido aos seus olhos estarem embaçados com tantas lágrimas.
Quando enfim ficaram lado a lado, Pedro deu um beijo em seu rosto e ambos se viraram para o dirigente da cerimônia e todos os convidados se assentaram. Enquanto a programação ocorria, a orquestra tocava belíssimas músicas que representavam toda a história do casal. Muito eles tinham sofrido e chegar até ali tinha sido uma grande vitória para os dois.
- Você está linda.
- Obrigada.
O dirigente da cerimônia falou palavras de encorajamento e adverti-os para as dificuldades que eles poderiam estar enfrentando nessa nova fase de suas vidas. Este tentou ser o mais breve possível devido à alta temperatura que estava fazendo. O casamento foi realizado no jardim da casa dos pais de Susana durante um domingo pela manhã.
- Pode beijar a noiva.
Quando os lábios do casal se encontraram, os convidados aplaudiram e quem havia se segurado até ali, não mais conseguiu e se juntou ao grupo daqueles que choravam. Ao se retiraram, os convidados jogavam flores, perfumando todo o local. A festa seria realizada no mesmo lugar, apenas em outra parte do jardim e todos se dirigiram para este lugar.
Enquanto todos comiam e bebiam, um forte som foi ouvido, alguns pararam o que estavam fazendo para localizar de onde provinha tal barulho, mas parecia ser de um lugar distante. Após alguns minutos, o som ficou mais forte, parecia ser um caminhão se aproximando. Um caminho muito velho que estrondava por onde passava.
Com uma forte batida, um caminhão destruiu a porta de entrada da residência e vinha muito rápido na direção da festa. Os convidados ficaram desesperados e gritavam atônitos. Pedro pegou Susana e a aproximou para junto de seu corpo. Os pais dela tentavam acalmar a todos. Antes mesmo de o caminhão parar, alguns homens saltaram armados e apontaram suas armas para algumas pessoas.
- Todos quietos, isso é um assalto.
Uns cinco homens saíram puxando todos os pertences de valor e outro passava com uma sacola ordenando que colocassem seus celulares e qualquer outra coisa de valor. Quando chegaram a um senhor, este não quis entregar seus pertences por terem grande valor simbólico. O ladrão que passava com a sacola, ficou furioso e esmurrou seu rosto. O senhor caiu inconsciente e algumas pessoas tentaram ajudá-lo.
- Por favor, fiquem calmos, levem tudo o que vocês querem, mas, por favor, não machuquem ninguém.
O pai de Susana tentava acalmar, mas, quanto mais ele falava, mais nervosos os assaltantes ficavam. O que parecia ser o líder do bando, ao ouvir tais palavras, veio em direção de Diego, pai de Susana.
- Aí está você, venha comigo para a casa, eu quero tudo o que você tiver.
Ele pegou com força no braço de Diego e o puxou, devido à bagunça causada pelo nervosismo, Diego tropeçou e caiu. O ladrão ficou furioso.
- Levante, seu velho, nós temos pressa.
Diego tentou se levantar, mas tinha se machucado e teve dificuldades. O ladrão, achando que ele estava tentando enganá-lo para dar tempo de a polícia chegar, deu um tiro em suas costas. Susana gritou e correu para ajudá-lo. O assaltante pensou que ela tentaria atacá-lo e deu um tiro na direção de seus peitos. Ela caiu com o vestido branco manchado de vermelho.
Pedro gritou e tentou ajudá-la, mas teve medo de ter o mesmo fim. Os demais assaltantes ficaram nervosos e tentaram puxar o líder para voltarem para o caminhão. Tinham medo de terem ido longe de mais, apenas queriam levar seus pertences e não pretendiam atirar em ninguém.
- Vamos sair daqui, pode ser tarde de mais.
Nervoso, o líder aceitou o pedido de seus companheiros e pularam no caminhão. Com grande ronco, o caminhão saiu às pressas pelo mesmo caminho que tinha entrado. Os convidados ficaram paralisados, a mãe de Susana chorava sobre o corpo de seu marido, não consegui chegar onde estava sua filha.
Quando perceberam que estavam livres de perigo, os convidados começaram a se movimentar, alguns ligavam para a polícia, outros para a emergência para poderem ajudar Diego e Susana. Pedro correu e colocou sua esposa deitada com a cabeça em cima de suas pernas, ela respirava com dificuldades e chorava ao ver o rosto de seu marido.
- Pedro, eu te amo e vou sempre amar.
- Eu sei, meu amor, mas não diga isso, vamos viver ainda muito tempo juntos.
- Estou cansada, meus olhos estão pesados.
Pedro não conseguia segurar as lágrimas.
- Fique calma, descansa, a ambulância está quase chegando e você ficará bem.
Os demais tentavam retirar as mesas e cadeiras jogadas pelo chão para quando a ajuda chegasse, não tivesse dificuldades para socorrer as vítimas. O senhor havia acordado com um grande corte no rosto, contudo, apesar do ferimento, parecia bem. Após quase uma hora, a ambulância chegou acompanhada de uma viatura da polícia.
A equipe de emergência desceu apressada e indo em direção das vítimas indicadas pelos demais. O senhor foi o primeiro a ser atendido. Uma pessoa foi para cada um dos dois atingidos pelo tiro. O médico pediu que Pedro se afastasse, ao ver Susana, sua face mudou de expressão. Pedro percebendo que havia algo errado, desesperou-se.
- Sinto muito, senhor, ela está morta.
- Não, não… - Pedro se abaixou e recolocou sua esposa em seu colo. – Ela só está descansando, ela estava cansada, está apenas dormindo.
- Sinto muito, senhor, ela está morta, não há nada que eu possa fazer.
Pedro chorava desesperadamente, não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Sentia-se culpado de tudo. Deveria tê-la segurado, impedindo-a de ter corrido até seu pai, talvez assim isso não ocorresse. Seus pais se aproximaram tentando acalmá-lo, mas este parecia ser inconsolável.
- Calma meu filho, você precisa ser forte.
Diego estava gravemente ferido, mas estava vivo e logo foi posto na ambulância para ser atendido no hospital. Pâmela não sabia o que tinha acontecido a sua filha, pensava que ela estava bem e decidiu subir na ambulância que levaria seu esposo ao hospital. Antes da porta se fechar, deu uma rápida olhada na direção de Pedro e, vendo seu desespero, imaginou que algo de errado deveria ter acontecido.

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